segunda-feira, 23 de maio de 2011


“Nossa dança tem alguma coisa de muito poderosa. Quando eu dançode saia e giro, é totalmente diferente do que dançar de calça; quando a saia é rodada, eu me sinto com capacidade de dar volta ao mundo, de reconhecer a beleza do outro e de me reconhecer também. É lindo após um trabalho na comunidade, quando vejo os jovens dizerem que o Samba-de-Cacete ou o Carimbó são danças de velho; e ao verem o avô dançando, dizem admirados: “Olha o vovô dançando o lundu” e começam a reverenciar esse avô e saem dançando atrás, como aconteceu na Com. Quilombola de Saracuraàs margens do Rio Amazonas.

É aqui que eu vejo o quanto é importante preservar as tradições para a sustentabilidade dos valores humanos e da vida no planeta.

Indígenas, por exemplo, dizem que cada pessoa recebe o nome que precisa receber, para manifestar seus dons e talentos. Em algumas tradições, quando as índias estão grávidas, vão para a floresta cantar, cantar e cantar até que o nome dessa criança venha.
Já a lenda da mandioca conta que uma índia engravida de um homem branco, que lhe veio em sonho quando a tribo já não tinha o que comer.
O pai, pajé da tribo não acredita, até que o moço lhe aparece num sonho confirmando a história.
Nasce uma linda menina branca, mas logo adoece e morre repentinamente.
A tribo muito triste a enterra na frente da oca, onde a mãe chora diariamente e nasce uma plantinha.
Quando a planta é arrancada, vêem que é uma raiz branca e saborosa, que salva todo o povo da tristeza e da fome.
A planta recebe o nome mani-oca, casa de mani. A mandioca então é domesticada, com a qual se faz farinhas variadas, pratos diversos e é o grande maná da Amazônia, ainda em pleno século XXI”
Entrevista c/ Déa S Melo em Belém/PA ao Museu da Pessoa/SP, publicada no
Livro Banco do Brasil 200 Anos de Brasil Pessoas Que Fazem História, 2009









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